terça-feira, 13 de maio de 2008

O dia em que a expressão rendeu um texto


Neste 13 de maio completamos 200 anos da abolição da escravatura no Brasil. Mas o que é isso mesmo?
Segunda-feira, dia 12 de maio de 2008. Estava sentada com dois amigos num bar comemorando o aniversário da minha prima, onde encontrava-se no mesmo local e pelo mesmo motivo um grupo de adolescentes. Eles falavam alto, bebiam,fumavam e cantavam junto com os clipes musicais que apareciam na televisão, muito mal por sinal. Além disso, mais ou menos de 15 em 15 minutos recantavam o parabéns pra você, que maravilha!
Mas não estou aqui para ressaltar esse tipo de comportamento juvenil, queria destacar a cena que mais me chamou a atenção neste grupo que certamente a faixa etária não passava dos 20 anos. Certa hora da noite um deles fez algo que não foi do agrado coletivo e uma das meninas berrou umas três vezes a expressão – Que negrice!
Sempre me perguntei o que seria uma negrice? Seria uma coisa feita errada?Um grupo de negros?Uma comida salgada que substituí o negrinho?
Claro que sei o que essa expressão racista quer dizer, mas se analisarmos todas as cagadas históricas que prejudicaram o Brasil foram feitas por brancos. Ditadura Militar, economias mal sucedidas, governos corruptos... Se o Brasil nunca teve um presidente negro ou inúmeros governantes negros, como ocorreram essas negrices?
Acho engraçado que no Brasil a maioria das pessoas diz não ser preconceituosa. Gostam de samba, futebol, carnaval e tal, mas fora esses campos onde o negro traz a alegria e a satisfação o negócio muda de rumo.
Ainda nos dias de hoje quando vemos um negro dirigindo um carro novo, pensa-se que ele deve ser motorista de alguém. No âmbito educacional, os poucos que existem nas universidades acreditamos estar ali através das cotas raciais, e nunca que ele paga a mensalidade com o dinheiro do seu trabalho.
Apesar de trabalhar com a mídia, infelizmente um dos meios que acredito contribuir ainda mais para que esse fato se agrave é a televisão. Na atual novela das oito o preconceito racial está sendo apresentado, mas vamos e viemos, de que forma? O negro favelado conquistando a patricinha branca? A empregada doméstica fora dos padrões normais estéticos casando com o filho do patrão ultra racista? Se a televisão gaba-se de imitar a realidade, me mostre onde está essa realidade.
“Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!"
(Castro Alves - Navio Negreiro)

Um comentário:

Fernando disse...

Reivindico a carteira nº. 1 de fã. Os outros milhões que entre na fila. Muito Bom Srta. Camilinha.